Em o "Primo Basílio" Eça escreve mais uma etapa do seu projecto "Crónicas da vida portuguesa", onde ele se propunha a efectuar 12 romances em que abordaria todas as características da vida portuguesa. Esse projecto nunca foi terminado, mas não o impediu de escrever alguns romances extraordinários, reflectindo a sociedade portuguesa dos finais do século XIX.Este romance é, na minha humilde opinião, aquele onde Eça consegue pintar o fresco mais real da aristocracia lisboeta (e portuguesa) do final do século XIX e também é aquele onde ele onde efectua as mais minuciosas análises psicológicas. É interessante verificar a constante luta moral ao longo do livro. À medida que a história se desenrola, é comum sermos confrontados com questões morais pertinentes e inclusivamente convenções sociais que são quebradas de uma forma abrupta e escandalosa. Um jogo que o autor, propositadamente, procura jogar com as regras da época e que tanta celeuma levantou na altura da publicação e que, cá para nós, tantas questões ainda levanta se a analisarmos à luz das actuais convenções morais.A história é simples de resumir: Luísa é uma mulher casada que se vê sozinha em Lisboa depois de o seu marido ter que se ausentar em trabalho para o Alentejo. Começa então a receber visitas diárias de um primo (Basílio) que se encontra em Lisboa. Daí até ao envolvimento de ambos vai um curto passo e começam-se a encontrar numa outra casa. Esta relação é descoberta por Juliana, a criada de Luísa que a começa a chantagear com a ameaça de contar tudo ao marido de Luísa. Basílio, que apenas vê em Luísa uma espécie de diversão para os seus tempos livres, resolve fugir de Lisboa quando Luísa lhe pede ajuda (um pulha), e é então que os papéis entre Luísa e Juliana se invertem: A senhora passa a ser a criada e a criada passa a ser a senhora. Aí Eça é genial na forma como aborda a questão, assim como na análise deste facto, descrevendo-nos situações verdadeiramente humilhantes para Luísa.De notar que a abordagem de Eça ao adultério não foi por caso. Repare-se que a convenção da época era permissiva em relação ao homem e radicalmente subversiva em relação à mulher. Digo mais, pelo que percebi dos vários romances que tenho lido, russos, portugueses, ingleses e franceses, era até visto como sinal de virilidade um homem ter uma amante e veja que ( e quem ler o livro irá perceber) Basílio é visto como um homem que não faz nada de mal (inclusivamente Basílio ocupa um papel secundário), aqui o pecado é de Luísa. Ela é que comete adultério. O marido de Luísa, na sua viagem de trabalho, também comete adultério, no entanto aponta-se o dedo a Luísa, ou seja, todos andam na coboidada, mas apenas Luísa tem a obrigação de "pagar a factura".Embora não seja o meu romance preferido do mestre Eça, este é sem dúvida um relato fiel dessa época, onde relações extraconjugais eram vista como normais no seio masculino, mas completamente proibidas às senhoras.Mas como costumo questionar nos livros de Eça: "Será que a nossa sociedade mudou alguma coisa?"
A obra O Primo Basílio, publicada em 1878 e escrita por Eça de Queirós, constitui uma análise da família burguesa urbana no século XIX. Traição, romance, chantagem, morte, hipocrisia, entre outros temas, todos envolvidos em uma história repleta de sensualidade e drama. As personagens do livro podem ser consideradas o protótipo da futilidade e ociosidade da época. A ironia é também intensamente presente neste romance.Fonte: http://www.superdownloads.com.br/down...O Primo Basílio é um dos mais conhecidos e importantes romances do escritor português Eça de Queirós. Ele foi escrito em Portugal, numa época de forte tendência realista na literatura. Sua leitura reporta a um tema sempre presente na estética realista: o adultério [...]. Para se compreender esta obra, faz-se necessário manter um diálogo com o que acontecia na época no campo literário, a fim de situá-la no contexto em que a obra foi produzida. Enquanto no Romantismo procurava explorar a situação que antecedia o casamento, como os obstáculos que seus personagens, em sua maioria adolescentes, enfrentavam até chegar ou não ao objetivo principal: o casamento como meio de realização amorosa, no Realismo procurava-se focalizar a situação criada após o casamento, aquela em que a classe média procurava esconder por detrás da fachada da instituição. Assim, com os olhos voltados para a realidade, o escritor realista propõe-se a explorar «cientificamente» a infidelidade conjugal, revelando-a muito mais frequente do que se fazia imaginar a aparente harmonia da burguesia romântica, fazendo-lhe cair a máscara hipócrita. Como a burguesia era a principal consumidora dos romances, os escritores realistas pretendiam mudar, através da crítica, o comportamento dessa classe social, responsável pelos destinos social, económico, político e moral do país.Paula Perin dos Santoshttp://www.infoescola.com/livros/o-pr...Primeiro grande êxito literário de Eça de Queirós, este romance é marcado por uma análise minuciosa da sociedade de seu tempo. O autor usou da ironia, da linguagem coloquial e direta e, principalmente, do olhar atento sobre o quotidiano para revelar a intimidade da vida burguesa. Luísa é casada com Jorge e leva uma vidinha tão segura quanto entediada. O sonho, o romantismo e o desejo são despertados pela chegada do primo Basílio a Lisboa. Ao optar pelo adultério como tema central, a intenção do autor era provocar a discussão.http://www.skoob.com.br/livro/492
Do You like book O Primo Basílio (2015)?
O Primo Bazilio, é uma genial obra de Eça de Queirós que retrata a vida de uma família da pequena burguesia em meados do século XIX, repleta de personagens fascinantemente construídas, completas, vivas, onde a crítica social continua a ser a característica mais marcante.A estória começa com a descrição da vida de Jorge e Luíza e todo o ambiente pequeno burguês que se desenvolve em torno das duas personagem.Com a partida de Jorge para o Alentejo em trabalho, surge uma outra personagem de grade relevo no livro: o primo Balizio de Luíza e anteriormente seu namorado, que depois de ter obtido grande fortuna no Brasil regressa a Portugal.Bazilio é uma personagem fascinante, um verdadeiro pinga amor, que faz uso do seu charme para cativar a sua prima que visita com insistência na ausência do seu marido e que lentamente a seduz.Com o desenrolar da narrativa, Juliana, criada da família, com um ódio visceral aos seus patrões e em particular a Luíza descobre o romance entre a sua patroa e o primo.Com este conhecimento privilegiado, Juliana tenta obter, através de chantagem, um ganho financeiro.Depois do romance descoberto, Bazilio sai finalmente de cena e regressa aos seus negócios fora de Portugal.Coincidentemente com a saída de Bazilio para o estrangeiro regressa Jorge. Luíza, sentindo-se profundamente culpada com o adultério que cometeu, redescobre de uma forma ainda mais intensa o seu amor pelo marido, face à crescente chantagem de Juliana que extorque cada vez mais favores e trabalho a Luíza, verificando-se inclusivamente uma inversão dos papeis na casa: a patroa substitui a criada e vice-versa.Finalmente, e depois de uma tremenda pressão de Juliana sobre Luíza, esta resolve contar tudo o que se passou a Sebastião, velho amigo de Jorge, que resolve o assunto da chantagem, visitando Juliana e exigindo-lhe a devolução das provas do adultério. Na sequência desta visita de Sebastião a Juliana, esta, que sofria do coração, acaba por se prostrar morta com a emoção.Apesar do alivio sentido por Luíza, esta acaba por cair doente, possivelmente em resultado da profunda anemia de que sofria e em parte devido ao caos e que a sua vida de tinha transformado com a chantagem de Juliana.Luíza que havia enviado uma carta ao primo para lhe pedir dinheiro, recebe, durante o seu recobro, a resposta do primo, sendo a carta aberta por Jorge que descobre a traição, vivendo a partir daí num sobressalto constante.Quando finalmente Luíza recupera, Jorge confronta-a com o facto. Luíza não chega a reagir, caindo com febre no momento imediatamente a seguir.A progressão da doença é fulminante, terminando a história com a morte de Luíza e o arrependimento de Jorge por a ter confrontado com a traição.Esta obra é sublime. A descrição da pequena burguesia lisboeta é fascinante, como acontece em todas as obras de Eça e naturalmente que aconselhamos a leitura deste livro a todos os apaixonados pela literatura de qualidade.
—Filipe Arede
Uma sátira repleta do humor mordaz de Eça utilizado aqui para criticar a falsidade dos valores e costumes de uma sociedade que caracteriza com a introdução de um rol de personagens tão diversas e ao mesmo tempo tão próximas. A história flui com a facilidade com que a escrita nos faz transportar pelo dia-a-dia de Luísa, num frenesim dramático que nos faz querer alcançar o clímax de forma voraz. A ambiguidade moral das personagens faz com que as defendamos num momento, e as desprezemos noutros- é o caso de Luísa. Noutros casos, Eça deliberadamente parte para uma caracterização mais literal de certas personagens, tais como Leopoldina e Juliana (esta última facilmente odiada durante toda a obra, com pouca ou nenhuma rendição). Numa nota final, este trata-se provavelmente de um dos romances de século XIX mais modernos na sua abordagem sem pudor a temas muitas vezes tratados apenas nas entre-linhas nos romances do género. Um romance obrigatório.
—Inesrocks
Desta vez, Eça brinda-nos com uma história sobre aventuras e desventuras conjugais no seio de uma família burguesa. Luísa é uma mulher casada, simples e representante dos bons costumes da época até que um dia reencontra o seu primo Basílio que a vai arrancar do ócio e do tédio em que vive e despertar-lhe alguns sentimentos escondidos e a procura por uma aventura extra-conjugal que, de um modo mais ou menos reprimido, sempre a acompanhou. Basílio é um daqueles galãs de antigamente, conquistador e muito seguro de si próprio, só lhe interessa o seu bem estar e as suas conquistas.Uma excelente crítica à burguesia da época, com alguma alguma ironia e alguns salpicos da realidade política da altura. Uma leitura agradável.
—Rodrigo Oliveira